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O Jovem e a escolha profissional

“Raras são as vezes neste mundo em que as opções se mostram claras entre o isto e o aquilo.” Goethe “Então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada, quando se parte em rumo ao nada…” Paulinho Moska Filho, o que você quer ser quando crescer? Com essa pergunta começo a refletir sobre a importância da escolha profissional para definir a identidade do ser humano. Até que ponto somos o que fazemos? A fim de ilustrar esta exposição contarei uma história sobre a escolha: João Júnior nasceu do amor entre João, engenheiro civil e Maria professora de artes de uma escola pública, irmão gêmeo de Alice. Os pais colocaram o mesmo nome do pai por este ser um exemplo de força e decisão, já a filha que nasceu 1 minuto depois não teve o nome da mãe porque esta sempre admirou uma amiga chamada Alice, portanto resolveu homenageá-la colocando o nome em sua filha. Desde bebê sua família sempre apostou no sucesso do filho, o pai o estimulava dando brinquedos de montar, ensinando-o a fazer cálculos, desde cedo JJ foi experimentando através das brincadeiras, inúmeros papeis: construtor, bombeiro, “superman”, cantor, desenhista, jogador de futebol… Assim, quando criança sempre norteado pelos pais foi brincando de ser adulto, Daí JJ foi crescendo, seu corpo foi mudando assim como seus interesses, não queria mais saber a opinião de seus pais, queria impor a sua, queria ter mais autonomia sobre sua vida, ir às baladas, ficar com as meninas e tocar seu violão. Quando completou 15 anos as expectativas acerca de seu futuro começaram a ficar mais evidentes não só em JJ, mas também em seus pais. Além da mudança física e psicológica que estava sofrendo o seu lugar na sociedade também começou a se transformar, já tinha que assumir algumas responsabilidades por seus atos, dentre elas a escolha que considerava mais complicada: do que ele queria ser quando crescer? “JJ quando você estiver na faculdade os professores não vão mais passar a mão na sua cabeça!” “JJ você tem que saber falar inglês para ter um futuro melhor.” “JJ a vida não está fácil, tem um monte de gente desempregada, você não vê seu primo fica sonhando com a vida de artista e está aí vivendo as custas da sua avó…” “JJ você tem que estudar mais não adianta deixar tudo pro último ano, vestibular não é como as provas do colégio…” No meio dessas vozes da sociedade ainda tinham outras… “E agora o que eu faço, se não tem emprego mesmo para quê vou estudar?” “Meu sonho é ser músico, mas meu pai não vai aceitar, não tenho nenhuma chance de emprego”. “Nossa tem uma balada amanhã que estou louco pra ir, como vou fazer se estou em semana de prova?” “Hummm que sono não dá pra estudar assim vou dar só uma cochiladinha…” É assim nesse turbilhão de modificações que o jovem de hoje escolhe sua profissão, será que existe outra maneira mais fácil, talvez uma poção mágica ou uma vidente que dirá para o JJ como será seu futuro? Infelizmente não, a escolha da profissão depende muito da disponibilidade que o jovem desenvolve para conhecer as possibilidades internas (suas habilidades, desejos…) e externas (informação profissional, mercado de trabalho…). E, mesmo já estando na idade certa de escolha (de acordo com o nosso sistema atual por volta dos 17 anos), muitos se encontram em momentos diferentes desse processo, alguns já têm a certeza do que buscam, outros estão nadando em um mar de possibilidades, o importante é perceber que cada um tem seu tempo e isto não torna um mais capaz que outro… Pesquisar sobre as profissões e acima de tudo conhecer seus desejos torna a visão mais clara acerca do caminho a percorrer. Não existe um mapa para guiá-los em suas escolhas, cada mapa é construído no decorrer da vida de cada um. O mapa de um não serve para a vida do outro… O caminho da escolha profissional é sinuoso, muitas vezes cheio de obstáculos, algumas vezes bate a confusão e é perigoso quando o desespero toma conta e acredita-se estar perdido. O mais importante é perceber que sempre há tempo para recomeçar, e construir um novo mapa, nossas escolhas tornam a vida mais interessante e rica de percursos, pois afinal o que realmente importa é curtir essa viagem da vida… Voltando ao JJ, ele, com muito esforço resolveu ser o “rebelde” da família e optou em estudar música, com o tempo foi se desenvolvendo se tornando um Jovem adulto, conseguiu um emprego para se manter na faculdade, e tocava em alguns bares no fim de semana. Foi batalhando, com pouco dinheiro em uma profissão difícil, mas casou-se e hoje tem sua família. JJ cresceu e é músico, pai, esforçado, marido, amigo… Tornou-se João Júnior. Quero dizer que sua profissão fez parte de sua identidade, mas não o definiu como pessoa.

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